Infiltrações do Ego
No dia em que me apaixonei, sentei-me sob a noite escura e fiquei feito louco a olhar o mar... Inflitrações do Ego é um projeto literário infindado! Cada vez mais acho difícil colocar palavras no mundo, mas elas vêm e não suporto a folha de papel em branco. O eterno poeta disse que a paixão quer sangue e corações arruinados, mas o amor não... E foi na dor que as minhas palavras brotaram e agora entrego-as a vocês... Gildo Rêgo 61-9229-0815
segunda-feira, dezembro 21, 2009
Romã!!!
Eu descobri que vou morrer...
Descobri com um tom espantado de mim mesmo.
Vou morrer um dia...
Então não devo ter mais medo da vida...
Tenho todos os direitos,
Inclusive o de ser feliz...
O de me arriscar em tudo.
Hoje eu queria ser fresca e bela como uma romã.
Mas acontece que sou ontem...
Não quero...
Mas as vezes acordo...
E pareço-me com um desmaio...
Sem sangue...
Sem cor...
Sem vivacidade de alma...
E quando eu morrer, vou sentir tanta saudade de mim mesmo...
terça-feira, fevereiro 24, 2009
Nem o tempo...
Mentiram-me todos.
Os que disseram que o tempo amenizaria a minha dor!
Sinto a sua falta no choro da chuva.
Quero a sua presença no recuar da maré.
A velha neve escorre pela encosta de cada montanha.
E as folhas do outono viram fumaça em cada caminho.
Mas o triste amor do passado deve permanecer em meu coração.
E meus velhos pensamentos perduram.
Há centenas de lugares dos quais receio ir, por estarem tão repletos da lembrança dela.
E ao entrar com receio em algum lugar tranqüilo, onde seu pé nunca pisou, nem seu rosto brilhou, eu digo:“Aqui não há nenhuma recordação dela”.
E com essa lembrança, paro arrasado e me lembro tanto dela.
Porque aqui estou eu em todos esses lugares.
Lugares onde ela nunca esteve e nunca estará.
Então eu choro...
E cada lágrima que escorre por minha face, representa um vazio sem fim e sem volta, que hoje ocupa o lugar do meu coração.
Sigo se permitido...
Com o peito sufocado, oprimido, com a alma cheia de tristezas.
Com o corpo cheio de cicatrizes.
Com uma dor em meu peito que não tem tamanho nem fim.
E às vezes como se ouvira o vento, escuto sua voz dizendo.
¿Quieres que rece para que tú también te mueras?
Para mina irmã Gilmara Gabriela, que nos deixou em 23 de abril de 2007.
sexta-feira, julho 04, 2008
sexta-feira, junho 02, 2006
Cinzas de Dezembro nº 1
Cinzas de Dezembro nº 1
Eu descobri
Que sou um colecionador
De dezembros gelados
Um homem sem luz
E sem casa
Vivo desesperado
E embriagado
De recordações
Abatido pelas águas
Que brotam de meus olhos
Toda madrugada
Sempre me sinto triste
E penso que cheguei ao fim
Sinto que meus passos
Tornaram-se pesados
Quisera eu às vezes
Dominar o vento
Que invade o meu coração
E acabar com a imensa solidão
Que habita meu peito
Sem teu amor
Me sinto vazio e frio
É sempre inverno
No fundo de meu coração
E como se eu fosse dezembro
Me torno cinzas
E sei que um dia hás de sentir
Meu corpo
Mesmo sem vida
Junto ao teu
Tempo
Tempo
Não há noites
De vento sossegado
Nem luar que ilumine
Meus ossos
Quão estranho
É esse lugar
Onde descanso
Nunca a dor
Ocupou tanto
Espaço
Dentro de mim
Hoje
Não sei mais
Quem sou
Ontem
Já não sabia
E amanhã
Pressinto
O nada
Que se aproxima
De minha
Cama
Calma
Serena
A levar-me
O tempo
Abuela
Abuela
Recordo a morte de minha abuela
E vejo todos os espíritos que a rodeavam
Acendo uma vela
Vejo uma caixa negra
Nela há meu nome
Ouço o vento
As gotas de chuva
Sinto frio
E a imaginação me leva
Como é este lugar
Onde está minha avó
Morta
Sem hesitar
Abro a caixa
Sinto o peso da solidão
Sobre minhas costas
Mas meu rosto reflete uma
Solidão imensa
Quando vejo minha vó
Vir em minha direção
Amnésia
Amnésia
Minha vida não tem nome
Não há nada que mereça ser recordado
Houve um tempo em que sentia
As agulhas do vento em meu sangue
E os minutos eram para mim preciosos
Sobrevivo nessa selva onde renasço a cada dia
Sobreposto na palma de tua mão
Houve um tempo em que as palavras
Me saíam vivas como a água
Agora minha carne está morta
Sou como uma pedra
Que evoca a memória do tempo perdido
Houve um tempo em que me sentia pássaro
E voava
Mesmo sabendo que não possuía asas
Pensava eu que podia tocar teus beijos
Um amor à distância
Isolado
Morto
Absorto e perdido no vazio de amar
Logo me transformo em ar
Liberdade e angústia
Quando entro em mim
Vejo-me a morrer aos poucos
Sou um pássaro na gaiola
Agora a minha palavra evoca
Tantas coisas mudas
Não há nada
Só vazio
Maldita realidade
Como posso eu viver sem recordar?
Alfinete
Alfinete
Um coração angustiado
Tenho alguns amigos
Na cabeça de um alfinete
Tento ser
Tudo que sou
Mostrar-me
A mim mesmo
E nada me basta
A cada dia sinto
A dor mais forte
E meu coração
Sucumbe no vazio
Que é amar você
Uma imensa tristeza
Ocupa todos os
Meus espaços
Sigo inerte e só
A procura de algo
Mas como encontrar
O que não se busca?
Dentro de mim só há
Vazio e dor
Sangro sem saber porquê
Sofro sem querer saber
E sinto com as forças que me restam
Que o fio que me liga a vida
Muito em breve irá romper-se
O que encontrarei não sei
Apenas desejo que
O que me reserva
A falta da vida
Não me seja pior
Do que o vazio que vivo
E maior que a dor
Que hoje
Arrasto comigo
quarta-feira, maio 31, 2006
O fim
O fim
O último olhar.
O último beijo.
O último abraço.
O último suspiro.
O último adeus.
Sou a última.
A última lágrima.
A última palavra.
A última canção.
A última estrela.
A última paixão.
Vejo o fim.
Vazio e escuridão.
Sinto o fim.
Testemunha e solidão.
Pressinto o fim.
Teu amor que é maldição.
Sou o fim.
Fui o fim.
E no fim deste fim sem fim...
Sempre amarei você.
Eternamente e até o fim.